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Mercados Disparam com Apostas de Corte de Juros: Wall Street em Alta, Ibovespa Acompanha e Juros Recua no Brasil

Olhar Global – Wall Street acelera com apostas de corte de juros e dados mais fracos nos EUA

O cenário internacional voltou a favorecer o apetite por risco. As bolsas de Nova York fecharam em forte alta, impulsionadas pela crescente convicção de que o Federal Reserve poderá cortar a taxa de juros já em dezembro. Dados econômicos divulgados ontem reforçaram esse movimento: as Vendas no Varejo vieram abaixo do esperado, sinalizando desaceleração da atividade, enquanto o Índice de Preços ao Produtor (PPI) ficou em linha com as expectativas. A percepção de que a política monetária está excessivamente restritiva elevou as apostas de corte de 25 pontos-base para cerca de 80%.

O movimento ganhou mais força com relatos de que Kevin Hassett—figura influente na Casa Branca e apoiador de uma postura mais acomodatícia—é o nome mais cotado para substituir Jerome Powell no comando do Fed em 2026. Além disso, declarações indicando um plano de paz em estágio avançado entre Rússia e Ucrânia contribuíram para um ambiente global mais benigno, resultado de articulações do presidente Donald Trump com ambos os países.

Os rendimentos dos Treasuries recuaram pelo quarto dia seguido, com o juro de 10 anos encerrando muito próximo do piso psicológico de 4%. O dólar também perdeu força globalmente, com o índice DXY recuando e rompendo o nível dos 100 pontos. Apesar disso, o petróleo recuou cerca de 1,5%, pressionado pelo avanço das negociações de cessar-fogo no Leste Europeu, o que aumenta a perspectiva de maior oferta global.

 

Ibovespa – Bancos e Vale sustentam a alta; Petrobras opera na contramão

O Ibovespa registrou a segunda alta consecutiva e avançou 0,41%, encerrando o pregão aos 155.910,18 pontos. O movimento refletiu a combinação de otimismo externo e melhora estrutural no sentimento doméstico. Os bancos, que haviam sofrido nas últimas semanas, puxaram o índice para cima com uma recuperação ampla, impulsionados pela redução do risco percebido no sistema financeiro. O Bradesco voltou a ganhar força, enquanto Banco do Brasil e Itaú acompanharam o movimento.

Outro destaque positivo foi a Vale, que subiu mesmo com a queda do minério de ferro no exterior — uma prova de que o mercado doméstico operou mais voltado a fluxo e à recuperação técnica do que ao cenário internacional de commodities. O varejo continuou se beneficiando da aproximação da Black Friday, mantendo o setor entre os mais fortes do dia.

Na contramão, Petrobras recuou diante do movimento baixista do petróleo, pressionado pelas expectativas de um acordo entre Rússia e Ucrânia. A estatal também foi alvo de realização de lucros após fortes altas recentes.

 

Juros – Curva cai de ponta a ponta com sinalização dovish do Fed e do BC brasileiro

A curva de juros voltou a ceder por completo, em sintonia com o ambiente global. As expectativas renovadas de cortes nos EUA reforçaram a pressão nas taxas domésticas, enquanto declarações do Banco Central do Brasil trouxeram alívio adicional. O diretor de Política Monetária, Nilton David, afirmou que um aumento da Selic não está mais no cenário-base, reforçando que a discussão agora se volta exclusivamente ao momento de início dos cortes.

O mercado imediatamente ajustou suas apostas, e a curva passou a precificar quase 90% de chance de redução da taxa básica já na reunião de janeiro. O DI para 2027 caiu para 13,505%, enquanto o DI para 2029 recuou para 12,735%. O reflexo para os RPPS é extremamente positivo: títulos longos atrelados à inflação e prefixados registraram forte valorização na marcação a mercado, com ganhos expressivos nos índices IMA-B e IRF-M.

 

Dólar – Moeda perde força com melhora global do apetite por risco

O dólar recuou 0,35% e fechou a R$ 5,376, acompanhando a queda do DXY e refletindo o fluxo positivo para ativos de risco. Apesar da melhora, a moeda segue pressionada por ruídos fiscais locais e pela volatilidade típica de fim de ano, mas o movimento de ontem indica que o Real ainda pode recuperar terreno caso o cenário externo continue construtivo.

 

Cenário Internacional – Cortes de juros ganham força e geopolítica reduz tensões

No exterior, os mercados consolidaram as apostas de que o Fed adotará uma postura mais acomodatícia em dezembro. A fragilidade nos dados econômicos dos EUA — especialmente no consumo e no mercado de trabalho — reforça a percepção de que a economia está desacelerando e que os juros atuais são elevados demais para o momento. Essa leitura enfraqueceu o dólar, derrubou os rendimentos dos Treasuries e devolveu força aos ativos de risco.

No campo geopolítico, Donald Trump afirmou que deve se reunir com os presidentes da Ucrânia e da Rússia apenas quando o acordo de paz estiver praticamente finalizado. Segundo ele, restam apenas ajustes em questões territoriais e garantias de segurança. A perspectiva de trégua pressionou o petróleo, em antecipação a uma recuperação mais rápida da oferta global.

 

Cenário Doméstico – Tensões fiscais seguem elevadas e Congresso aumenta ruído político

No Brasil, o humor do mercado ficou dividido entre o forte alívio externo e a piora da cena fiscal e política. O Senado aprovou por unanimidade a pauta da aposentadoria especial para agentes de saúde, um projeto com potencial de impacto fiscal de mais de R$ 40 bilhões em dez anos. O movimento foi visto como uma retaliação à escolha de Jorge Messias para o STF, o que aprofundou o desgaste entre Executivo e Congresso.

A equipe econômica já indicou que o governo terá de vetar o projeto, podendo até recorrer ao Supremo se o veto for derrubado. Essa turbulência elevou o nível de cautela entre investidores estrangeiros e domésticos.

Por outro lado, o Banco Central seguiu enviando mensagens positivas, reforçando o compromisso com a meta de inflação. A sinalização de que a Selic pode começar a cair já em janeiro ajudou a segurar o dólar e aprofundou a queda dos juros futuros.

No campo dos dados, o Investimento Direto no País surpreendeu positivamente, somando quase US$ 11 bilhões em outubro, volume suficiente para superar o déficit em transações correntes no acumulado de 12 meses — um sinal importante de confiança estrutural na economia brasileira.

 

E agora?

Hoje o destaque absoluto é o IPCA-15 de novembro, que será divulgado às 9h. O indicador é a principal referência para a inflação corrente e tende a guiar tanto a curva de juros quanto as apostas para a primeira reunião do Copom de 2026. Um número mais benigno pode reforçar o movimento de queda nos juros e dar novo impulso ao Ibovespa.

Nos Estados Unidos, o mercado estará atento aos Pedidos de Bens Duráveis, ao número semanal de Pedidos de Seguro-Desemprego e, no fim do dia, ao Livro Bege, que trará a leitura regional do Fed sobre a atividade econômica.

 

Agenda do Dia – Indicadores Econômicos

9:00: IPCA-15 (Nov) – Brasil

10:30: Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego – EUA

10:30: Pedidos de Bens Duráveis (Set) – EUA

11:45: PMI de Chicago (Nov) – EUA

14:30: Fluxo Cambial Estrangeiro – Brasil

16:00: Livro Bege – EUA

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